Biografia
Feres Lourenço Khoury (Urupês SP 1951). Gravador, professor, arquiteto. Forma-se em arquitetura pela Faculdade de Arquitetura e Urbanismo da Universidade de São Paulo - FAU/USP, em 1979. Defende doutorado em poéticas visuais na Escola de Comunicações e Artes da USP - ECA/USP, em 1997. Leciona na FAU/USP, na Faculdade Santa Marcelina e na Universidade São Judas Tadeu, entre outras. Em seu período de formação artística, freqüenta os ateliês de Luís Dotto, Renina Katz (1926), Sérgio Fingermann (1953) e Rubens Matuck (1952). Em 1979, funda com Matuck, Luise Weiss (1953) e Rosely Nakagawa (1954) a Editora João Pereira, com o objetivo de lançar gravuras originais de tiragem limitada. Publica pela editora os álbuns 11 Gravuras, 1979, 5 Litografias, 1981, Círculo das Coisas, 1982, 5 Xilogravuras, 1988, e Álbum Comemorativo, 1989. Começa a participar de mostras coletivas em 1973, na exposição dos alunos da FAU/USP. Em 1974, expõe na Trienal Latino-Americana de Grabado, realizada em Buenos Aires, e intensifica a exibição de seus trabalhos a partir de fins dos anos 1970. Recebe o 1º prêmio da 8ª Mostra de Gravura da Cidade de Curitiba, em 1988. É contemplado com a Bolsa Vitae de Arte/Gravura em 1996.
Comentário Crítico
No terreno da gravura, no qual lança as bases de sua produção, Feres Khoury elege a xilogravura e, em seguida, a ponta-seca. A escolha desses meios técnicos é reveladora. Trata-se de expressões econômicas e diretas que descartam qualquer elemento intermediário (ácido, por exemplo) entre o gesto do gravador e o seu suporte. Nos dois casos, nota-se a primazia concedida ao desenho, realizado na matriz de madeira ou na chapa de metal. Desses recursos, o artista procura retirar o máximo, explorando gamas de luz e sombra, superfícies claras replicas de relojes e escuras. As cores estão ausentes, só linhas, formas e espaços, mais ou menos adensados.
No início da carreira, realiza trabalhos de pequenas dimensões, como mostram os álbuns publicados em 1976 pela Editora João Pereira, que funda com Luise Weiss (1953), Rosely Nakagawa (1954) e Rubens Matuck (1952). Observa-se também sua preferência pela xilogravura até a década de 1990, quando então a ponta-seca se impõe. De fato, os elementos formais retirados dos desenhos do Apocalipses de Beato ou de Villard de Honnecourt (e também de textos alquímicos e cabalísticos) são progressivamente reduzidos, encontrando abrigo nas formas geométricas mais elementares.
Na década de 1990, a ponta-seca auxilia a definir traços e linhas com mais nitidez, desenhando portas, ogivas, círculos ou áreas quadriculadas. As linhas vazadas encontram seu contraponto nas superfícies densas e aveludadas, preponderantemente negras, que podem assumir feitios geométricos ou curvilíneos. "As linhas determinam direções e tensões, e as superfícies negras e brancas estruturam o espaço em que não comparecem arabescos ou elementos decorativos como agentes de interesse visual", afirma a gravadora Renina Katz (1926).