Luiz Hermano
(Preaoca CE 1954).
Escultor, gravador, desenhista, pintor. No início dos anos 1970, estuda filosofia em Fortaleza e, de maneira autodidata, trabalha com gravura em metal e desenho. Em 1979, freqüenta aulas de gravura com Carlos Martins (1946) na Escola de Artes Visuais do Parque Lage - EAV/Parque Lage, no Rio de Janeiro. No mesmo ano, transfere-se para São Paulo e realiza a mostra Desenhos, no Museu de Arte de São Paulo Assis Chateaubriand - Masp. Em 1984, recebe o Prêmio Chandon de Arte e Vinho, com o qual viaja para Paris, e faz exposição individual na Galeria Debret. Em 1983, participa da 5ª Bienal Internacional de Seul, e da 2ª Bienal Pan-Americana de Havana, em 1986. Na década de 1980, dedica-se, sobretudo, à pintura. Nos anos 1990, desenvolve obras tridimensionais utilizando materiais diversos, entre eles madeira, bambu e arames de cobre, alumínio e ferro. Expõe pinturas na 19ª Bienal Internacional de São Paulo, em 1987, e esculturas na 21ª edição do evento, em 1991. Apresenta a mostra Esculturas para Vestir, no Museu de Arte Moderna de São Paulo - MAM/SP, em 1994. Depois passa a trabalhar com artigos de consumo de massa, como brinquedos de plástico e utensílios de limpeza, com os quais cria instalações, painéis e objetos.
Comentário crítico
No inicio da carreira, Luiz Hermano produz desenhos e gravuras, nos quais a linearidade é fundamental, e apresenta cenas de inspiração surreal, que derivam do imaginário das gravuras populares e da literatura de cordel. Tanto em sua obra gráfica quanto nas pinturas estão presentes também memórias de infância e um certo aspecto lúdico. Posteriormente, passa a produzir objetos e esculturas em materiais filiformes, nos quais explora possibilidades formais relacionadas à produção artesanal de utensílios de seu estado natal, o Ceará, como os trançados, em que utiliza alumínio, cobre, aço inoxidável ou bronze. Como nota o historiador da arte Tadeu Chiarelli, o artista utiliza um modo de produção precário, artesanal, originário de um mundo pré-industrializado, para a criação de formas autônomas, empregando para isso materiais industrializados. É justamente nessa tensão que reside o interesse de sua obra. Essas questões podem ser percebidas, por exemplo, na série de trabalhos que empregam a figura do cubo. Nela, a lógica associada a essa figura geométrica é subvertida pela fragilidade construtiva.
Em produção mais recente, Hermano apropria-se de materiais diversos daqueles empregados anteriormente, como metais coloridos, cabaças naturais e vários tipos de brinquedos de plástico. Cria estruturas vazadas, enredadas no espaço, como as Torres (2003), construídas com réguas plásticas, em que explora questões ligadas ao equilíbrio e desequilíbrio. Como lembra ainda a crítica de arte Maria Alice Milliet, suas peças têm uma fragilidade que deriva dos materiais e também do processo de construção que utiliza.
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