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Paula  Almozara

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INVENTÁRIO DE COISAS VISTAS

Texto para a exposição INVENTÁRIO DE COISAS VISTAS. II Mostra do Programa de Exposições do Centro Cultural São Paulo, 2008

Gabriela Motta

As imagens da série “Inventário de coisas vistas” nos convidam a investigar um caminho, tanto em busca de como elas se formaram, quanto em busca de um possível sentido desses objetos fotográficos no campo da arte. São registros de elementos arquitetônicos do próprio Centro Cultural São Paulo, que ressaltam as qualidades gráficas do espaço, criando um jogo de linhas e direções.

Originalmente capturadas com uma câmera fotográfica de telefone celular, essas imagens foram retrabalhadas pela artista para finalmente serem impressas sobre chapas de alumínio, através da técnica halftone. Halftone consiste, basicamente, num método de impressão capaz de simular uma imagem de tom contínuo através do uso de minúsculos pontos de diferentes tamanhos, igualmente espaçados, criando uma ilusão de cor sólida.

A partir desse método de impressão, as imagens adquirem uma materialidade inexistente no início do processo. Texturas, imperfeições, volume, são qualidades incorporadas ao trabalho pela técnica e suporte escolhidos para a ampliação da fotografia original. Quando transferidas para a chapa de alumínio, novamente adquirem qualidades de outros processos fotográficos, como o “ar” platinado próprio do daguerrótipo, processo inicial da captação de imagens por meios mecânicos.

Da captura digital à impressão gráfica, da imagem original à sua forma final, muita coisa fica no caminho, e é exatamente aí que se cria o problema da visualidade nessa série. De fato, o interesse da artista parece recair sobre a perda, sobre aquilo que fica de fora na transferência de uma imagem para um suporte. Paula submete essas imagens a um processo de tradução severo, criando um tipo de escrita visual onde o referencial ganha uma interpretação bastante ressignificada a partir desses processos.

A ausência pulsante em todo o trabalho contamina a leitura das imagens fazendo com que a pergunta “o quê é isso?” fique em segundo plano. Dessa forma o sentimento de realidade presente em toda imagem fotográfica desaparece, evidenciando uma reflexão, como diz Paula, sobre a origem de processos de registro e disseminação da imagem como elemento que transita entre o factual e o imaginário. Além disso, a partir do momento que liberamos o olhar de decodificar com precisão o que está sendo visto, é possivel embarcar em outras questões trazidas à tona pelas qualidades gráficas do espaço arquitetônico que essas imagens acentuam.

O interessante aqui é deixar-se conduzir pelos caminhos que o trabalho propõem, sejam eles espaciais, através das linhas e direções que conferem movimento e circularidade ao conjunto, sejam eles filosóficos, que questionam o estatuto da imagem hoje.
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