"O assunto de ANA CRISTINA ANDRADE é a natureza.
Ela, como sempre faz o homem em todas as épocas, procura entender a natureza através da representação.
O ato de representar não é gratuito, já que ele equivale a uma interpretação e a um entendimento, segundo os olhos humanos, do que está diante, em torno e dentro do homem. O homem é natureza indagadora.
Como entendimento, separar o exterior do interior é impossível. Nós observamos a natureza com os olhos e segundo a nossa cultura. A natureza observada pela consciência. Uma maneira de nos entendermos. E observar a natureza segundo a observação de um artista é perceber o modo cultural de nossa época. O sistema de representação e de entendimento é o retrato de uma época.
Em ANA CRISTINA, a natureza é feita de ogivas, catedrais onde o culto humano se desenvolve. O vento é uma força viva, panteísta dotado de energia própria. Tudo se desenvolve acreditando a natureza como força viva, prenhe de energia e de vontade.
É o espaço superior o que vitaliza a composição e determina o seu verdadeiro estar. Em ANA CRISTINA a natureza é feita de grandezas e ilimitações Épica. Céu aberto e enovelado. Construção ou espaço aberto. Catedral gótica ou templo pagão, duas imagens opostas. Ogiva e taça. Uma natureza sensível e lírica determinando a atitude reverente do homem em seu culto. O olhar e a postura humana reveladas na contemplação e no contato com a natureza. A força do mundo e a fragilidade da observação humana que se revela em imaginário culto.
O procedimento é simples, aveludado, com largos traços, o risco incisivo, o desenho, a tentativa de aprender a realidade através do gesto. O desenho, a primeira das escritas, recuperado na atitude igualmente primeva, a da observação da natureza. O assunto de ANA CRISTINA é o mundo que o homem olha."
Jacob Klintowitz
1984
Rua Ásia, 219, Cerqueira César, São Paulo, SP - CEP 05413-030 - Tel. 11 3624.0301
Horário de funcionamento: Segunda a Sexta: 12h00 às 18h00 ou com hora marcada