Gravura Brasileira

Ernesto Bonato

Ernesto Bonato

De 29/6/2024 a 3/8/2024

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VIVO Ernesto Bonato

 

 

 

 

Gravura Brasileira

Rua Ásia, 219 - Cerqueira César, São Paulo - SP

(11) 3624 0301  /  whatsapp (11) 99385 9655

De terça à sexta, das 14h às 18h.

Sábados, das 11h às 13h com hora marcada.

 

 

De 29 de junho a 3 de agosto de 2024.

 

 

 

Programação

 

Abertura da exposição

29 de junho, das 13 às 17h

 

Performance com Ernesto Bonato e Shen Ribeiro (shakuhachi), 

29 de junho, às 15h

 

Conversa com Neto Leão e Isabelle Cedotti co-editores da revista Conspiratio, sobre 

o texto do filósofo e educador Ivan Illich, Tools for conviviality, ilustrado pelo artista. 

20 de julho, das 15 às 16h30

 

Performance com Ernesto Bonato e Chieko Donker Duyvis (violoncelo e voz), 

3 de agosto, às 15h

 

 

 

Vestes: Marilde e Janaina Stropp  I   Ikebana: Cecília Dreyfuss   I   Cerâmica: Maira Otsuka   I   Apoio na curadoria, texto e fotos acima: Ulysses Boscolo   I   Shakuhachi: Shen Ribeiro   I   Violoncelo e voz: Chieko Dunker Duyvis, Filmagens para os videos `Incenso` e `Dança`: Tatiana Plens   I    Obras, texto, projeto gráfico, curadoria e produção: Ernesto Bonato   I   Impressão do cartaz: Laserpress   I   Montagem: Ernesto Bonato e Galeria Gravura Brasileira  I   Documentário VIVO: Matheus Parizi

 

 

 

Agradeço especialmente a Alda Romaguera, Alik Wunder, Ameeta, Ana Calzavara, Ana Torrie, Andy Henry, André Caliento Barone, André Tranquilini, André Ianni (in memoriam), Anne Louyot, Antônio Francisco de Oliveira, Bené Fonteles, Carlos Jardim, Cecília Dreyfuss, Célia Caliento Barone, Chieko Donker Duyvis, Claudia Saavedra Mungioli, Claudio Mubarac, Christian Lazlo, Christina Manhães Bonato, Daiju Bitti, Eduardo Besen, Elina Banno, Evandro Carlos Jardim, Fabio Vicentini, Florence Grundeler, Gilson Pedro, Isabelle Cedotti, Janaina Stropp, João Arruda, João Machado, Josué Gomes Silva, Jussara Miller, Katia Salvany, Kendo Bitti, Lego Lima, Lia Arruda, Ligia de Morais, Lorena Nobel, Lucelina Rosa, Maira Otsuke, Margot Delgado, Maria Eugênia Garcia Porto, Maria Helena P. D. Lopes Dias, Maria Villares,  Marilde Stropp, Mario Cury, Mateus Mendonça, Matheus Parizi, Miguel H. M. Bonato, Milene Bafini Bonato, Neto Leão, Patrícia S. Martins, Paula Santos, Paula Miranda Dias, Peter, Pedro M. Bonato, Pedro Pessoa, Quincas, Rafael Kenji, Renato Del Sant, Rosa Santana, Samuel Ornelas, Shen Ribeiro, Tatiana Plens, Terezinha Araújo, Ulysses Bôscolo, Vitor Lopes Dias, Yma Souza de Abreu e às colegas e aos colegas de prática do Salão do Movimento, do grupo de taijiwuxigong de Campinas, da Comuna Metamorfose e do Chakra do Coração.

 

 

Dedico esta exposição à memória do amigo André Ianni e ao seu filho, Gabriel.

 

 

 

`Desde a idade de 6 anos eu tinha mania de desenhar a forma dos objetos. Por volta dos 50 havia publicado uma infinidade de desenhos, mas tudo o que produzi antes dos 60 não deve ser levado em conta. Aos 73 compreendi mais ou menos a estrutura da verdadeira natureza, as plantas, as árvores, os pássaros, os peixes e os insetos. Em conseqüência, aos 80 terei feito ainda mais progresso. Aos noventa penetrarei no mistério das coisas; aos 100, terei decididamente chegado a um grau de maravilhamento – e quando eu tiver 110 anos, para mim, seja um ponto ou uma linha, tudo será VIVO.`  Katsushika Hokusai (1760 - 1849)

 

 

 

 

( Sombra - a dança do incenso  - cinza )

 

 

Ocaso . 

 

Sentou-se sobre a esteira de palha e mergulhou no silêncio

 

Nem tempo, nem espaço, 

nem esteira de palha, 

nem sentar-se, nem silêncio,

nem som algum 

 

Vivo!

 

 

Noite .

 

Envolto no negrume poroso do céu, o incenso desprendia uma caligrafia rebuscada e branca, 

uma dança e um canto.

Lê-la era esquecê-la

 

O ponto vermelho consumiu-se até esfriar na areia

as pálpebras apagaram-se antes

 

 

Manhã .

 

Na manhã seguinte, o solzinho de outono colibrizava em sua janela, despejando sombras no leito vazio e limpo

 

No jardim, flores miúdas atraiam os insetos

`Tudo tem a sua perfeição`- ouviu

`A vida começa na manhã das coisas` - escutou

 

Dies sicut umbra

 

Riscou de giz um ideograma feito com duas colunas de um portal e um sol no meio. sussurrou: `ma`

 

Sentiu como um conselho: `entrega, integra`

 

 

Estava nu

Estava vazio

Estava vivo

 

O sol o atravessava 

 

Do pincel rijo e vibrante, um gozo mananciava sinais no papel de fibra clara

 

Era manhã

 

 

Ernesto Bonato. Junho de 2024.

 

 

 

 

 

 

o que sabemos um do outro

 

.

amanhece. nas árvores o viajante descansa. cabelo curto. pele queimada. quando levantou viu a baía em silêncio. muitos pardais. o sol entre as nuvens. a água salgada. o sono nas pedras. ventava. continuou o caminho do calor. uma borboleta ou outra pousou no ombro. encontrou a casa de papel. roupas largas sendo arrastadas. pairava na mancha um jardim úmido. brilhante. o viajante levava nas mãos a cabeça decapitada. a coisa foi protegida por tiras de juta. dentro da casa havia um velho riscando a areia. o viajante foi em sua direção. o velho sem tirar os olhos da areia disse:

“... que sombra é essa”?

... uma vespa atrás da aranha – retrucou o viajante vendo o desenho próximo do mar.

“... então a sombra se move”.

... e na água é totalmente transparente - respondeu o viajante com uma flauta na mão.

“... senta” - disse o velho com a vara numa saliência talhada. “... trouxe o que pedi”? - olhando para o pano. o viajante levantou e desatou a juta. entregou um rio de cabelos escuros que logo desabrochou.  o velho gargalhou: “hahahahahahahahaha” e disse “... flores de inverno”. então o viajante soprou na flauta o sonho do ancião - a cabeça de um dançarino do abismo que jamais cortou o cabelo. 

“... esperei anos por este momento” – disse o velho com borboletas saindo da boca. o viajante pulou para trás reparando nas órbitas abertas. o ancião ergueu o morto. os pássaros circularam. “... continue tocando.” – disse a cabeça para espanto do viajante. o cabelo foi arrancado numa tacada. amarrado na vara. o pincel feriu o ar. o corpo mergulhou no caos. as ondas quebravam cinzentas. o sol sumiu. vieram todas as árvores do litoral. a faca pousou na casca do mexilhão e a asa do mundo caiu numa chispa preta. viva.  noturna. “... a lua minguante”! – gritou o viajante. o olho laranja gorduroso. na casa de papel deitou um bode que se espalhou. feliz. 

 

 

Ulysses Bôscolo.

... dedicado a Ernesto Bonato. Inverno de 2024.

 

 

 

 

 

 

 

 
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