De 24/4/2007 a 31/5/2007
03 ARTISTAS HOLANDESES
obras de Paul Donker Duyvis, Eric Jan van de Geer e Guido Winkler
A exposição “03 ARTISTAS HOLANDESES” vai mostrar obras de três artistas selecionados por Paul Donker Duyvis. Paul participou de um workshop em Belém do Pará em 2006 e conhece a fundo o Brasil. Ele trabalha com as diferenças culturais e a interpretação de diferentes culturas. Seu trabalho procura unir a sensibilidade oriental aos conceitos de imagem ocidentais. Paul vai expor xilogravuras feitas em Belém da série “Explícito – Implícito”. Eric van de Geer trabalha com impressões serigráficas sobre imagens fotográficas e fotocópias transformando-as e criando uma atmosfera de estranhamento e perturbação. Guido Winkler trabalha com as diferenças entre o espaço físico e o visual. Suas fotografias e pinturas falam da realidade, da percepção, da interpretação, da dúvida, do conhecimento e da falta dele. O seu trabalho sempre é relacionado com o espaço.
Os três artistas são ligados à Vrije Academie Den Haag (da cidade de Haia na Holanda). Esta exposição é uma continuação do projeto de intercâmbio entre a galeria Gravura Brasileira e artistas Holandeses iniciado com a exposição "In Images We Speak" realizada em março de 2005 no AGA – Amsterdams Grafische Atelier, seguida da exposição e workshop realizados pelos artistas brasileiros Armando Sobral e Ernesto Bonato na Vrije Academie em julho de 2005. A diretora da Vrije Akademie esteve presente na abertura da exposição.
Mais informações em:
http://www.kunstinzicht.nl/info_aga/port_english.htm
http://www.vrijeacademie.org/tentoonstellingen/bonatosobral.htm
Exposição de 24 de abril a 31 de maio de 2007.
De segunda a sexta das 10h às 18h – sábado das 11h às 14h
Galeria Gravura Brasileira
Rua Fradique Coutinho, 953-Vila Madalena, São Paulo- SP
Ao lado da livraria da Vila.
Tel: 11.3097.0301 e 3097.9193
www.cantogravura.com.br
http://www.guidowinkler.com/
http://www.ericjanvandegeer.nl/
http://pddstudio.cjb.net
Textos sobre a obra dos artistas:
ERIC VAN DE GEER
Imagens Perturbadoras
Os temas do trabalho de Eric van de Geer são sempre retirados de um mundo cotidiano e familiar: um arbusto, uma cabeceira de cama, uma cerca, um balanço. Ao mesmo tempo, no entanto, há sempre algo estranho sobre estes objetos “normais”: eles não nos aparecem de forma clara ou neutra. Sempre os vemos de uma perspectiva não usual, com partes cortadas ou simplesmente não claramente visíveis e algumas vezes o senso de escala está ausente. Isto impregna estes objetos de algo perturbador e até mesmo assustador.
Esta insinuação é, por vezes, similar aos “elementos perturbadores” dos filmes de Alfred Hitchcock. (que são reverenciados pelo artista): a primeira vista tudo parece em paz e normal até que um pequeno detalhe introduz uma espécie de mancha no fluxo das imagens espalhando drama e desconforto.1 O copo de leite que recebe uma grande ênfase dramática em “Suspicion”, por exemplo, ou o colar que trai Kim Novak em “Vertigo”. O universo de Hitchcok contêm um notável número de objetos ordinários que incorporam uma forte carga dramática. De forma semelhante os trabalhos de Van de Geer são impregnados com algo como se estivessem descrevendo uma cena de um crime. Não há traços visíveis da ação realizada, mas há uma sensação de que algo aconteceu naquele lugar. O que são estas manchas na cabeceira? O que aconteceu na verdade com este balanço? O observador explora a imagem como um detetive em busca de pistas, mas não acha respostas.
Diferente de um pintor, Van de Geer nunca começa com uma folha branca de papel ou uma tela branca. Seu ponto de partida é uma imagem fotográfica. Mas ele não usa a imagem fotográfica por suas qualidades documentais. Ele não está interessado em nos apresentar as coisas como elas parecem. Para ele, o apelo da fotografia está no seu relativo afastamento da mídia; a câmera não possui idiossincrático gesto do pincel do pintor.
Suas imagens vão muito além das fronteiras da fotografia. Não satisfeito com a imagem fotográfica ele literalmente adiciona camadas a ela, sobrepondo uma serigrafia, tinta ou padrões florais. Apesar de fazer essas manipulações de forma a não esconder a imagem original ele a manipula e altera radicalmente. Este modo de trabalhar revela um inequívoco interesse nas texturas, na superfície do trabalho e também na redução e abstração da imagem: alguns elementos são erradicados enquanto outros são isolados e acentuados ou transformados em negativo. Os espaços parecem sempre mais importantes do que é na verdade mostrado.
Esta abstração, através de uma técnica de quase-pintura, é como Van de Geer consegue descolar a imagem do cotidiano, do desinteressante e a fixa em um tempo diferente e indeterminado. Isto transforma as imagens em ícones, mas sem serenidade. Cedo, elas evocam uma inquietude desconfortável plena de significados. Perturbadoras, com certeza.
Por Martijn Verhoeven
PAUL DUNKER DUYVIS
Paul Donker Duyvis descreve a si mesmo como um artista ligado ao conceito não ocidental da função da arte.
O significado da imagem desenvolvida no Ocidente é um fato, mas ele a relaciona com significados e possibilidades completamente diferentes derivados de outras culturas, rituais e tradições.
O mundo real e ficcional pode ser considerado como uma relação complexa entre o mundo material e espiritual, as tentações do corpo e os deveres espirituais da alma. Estes dois extremos são fortemente relacionados com a vida humana e não devem ser vistos como pólos opostos ou mundos separados.
Paul Donker Duyvis cria uma atmosfera japonesa em seu trabalho usando não somente objetos tipicamente japoneses como kimonos, leques, arroz ou mulheres orientais. Estes atributos que são obviamente nipônicos, ou melhor, orientais são característicos do seu trabalho e se fundem fortemente com a ambigüidade das suas imagens.
Os japoneses têm uma espécie de acordo não-pronunciado para não encarar assuntos paradoxais como paradoxais. Elementos contraditórios são apresentados como senso comum camuflando sua vaga ambigüidade.
Aos ocidentais, a ambigüidade é o oposto de clareza, mas os japoneses a percebem como uma das muitas formas de conhecimento.
Estas características também podem ser reconhecidas no trabalho de Paul fortalecendo sua aura japonesa.
GUIDO WINKLER
“Tudo o que faço começa com uma sensação de surpresa sobre a diferença entre o espaço físico e o visual. Tudo gira em torno de realidade e percepção, interpretação e dúvida, sobre conhecimento e a falta dele” (2005).
Guido Winkler (nascido em Alblasserdam, 1969), formou-se fotógrafo e escultor e usa o computador e a tecnologia jato de tinta para desenvolver seu trabalho. Suas pinturas, quase sempre telas de formato escultórico são quase instalações. Na Gravura Brasileira, Guido Winkler vai mostrar impressões jato de tinta em papel Hahnemuhle William Turner da série “Transições”.
Seu estilo é bem conciso e quase sem cores. È minimalista e concreto, mas não construtivista nem completamente abstrato. Ele acredita que quando se chega ao âmago tudo se torna universal.
Sobre o título “Transições” ele se refere a pontes, vãos, janelas e portas que o artista utilizou mais de uma vez. Refere-se também ao processo transcendental de fazer arte ou ao presente: o que está se tornando...
No final de 2006 foi publicado um catálogo sobre sua obra com o sugestivo título de “Mude de foco”.
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