Gravura Brasileira

Gravuras - Jacqueline Aronis

Gravuras - Jacqueline Aronis

De 18/10/2001 a 17/11/2001

Obras

JACQUELINE ARONIS
 

  

gravuras
exposição de 18 de outubro a 17 de novembro de 2001



Jacqueline Aronis - currículo
São Paulo, 1955
Vive e trabalha em São Paulo.
Formada em artes plásticas pela FAAP, São Paulo em 1976. De 1977 a 1978 cursa pós-graduação em gravura na Slade School of Fine Arts- University College London, Inglaterra, com orientação de Bartolomeu dos Santos. Atualmente é mestranda do curso de pós-graduação na Escola de Comunicações e Artes da Universidade de São Paulo, com orientação de Evandro Carlos Jardim. Orienta cursos livres de desenho em atelier próprio.

Entre as exposições coletivas destacam-se :
Gravura Jovem, MAC-USP, 1981; IX Bienal Internacional Valparaíso, Chile, 1989; II Bienal de Gravura de Amadora, Portugal, 1990; Contemporary Brazilian Prints, Haggar University Gallery, University of Dallas, Texas, USA, 1997; Brazilian Prints, Portland Art Museum, Oregon, USA, 1997; Brasil - Reflexão 97, A Arte Contemporânea da Gravura, Museu Metropolitano de Arte de Curitiba, Paraná, 1997; The 4th Sapporo International Print Biennale, Japão, 1998; São Paulo Gravura Hoje - Mostra Rio Gravura -Funarte, Rio de Janeiro, Brasil, 1999; 3rd Egyptian International Print Triennale - National Centre of Fine Arts - Giza, Egito, 2000;International Print Triennial in Kanagawa, 2001, Japão.
Exposições Individuais:
Contos Portugueses- Gravuras, Museu da Gravura Cidade de Curitiba, Paraná, 1994; Axis Mundi, Valu Oria Galeria de Arte, São Paulo, 1996; Do Firmamento, Valu Oria Galeria de Arte, São Paulo, 1999.
Obras em acervos:
Instituto Itaú Cultural, São Paulo; Museu de Arte Contemporânea da Universidade de São Paulo; Museu da Gravura Cidade de Curitiba, Paraná; Portland Art Museum, Oregon, USA; Sapporo International Print Biennale, Japão; National Centre of Fine Arts, Giza, Egito.





Da Surpresa: Jacqueline Aronis

A técnica da gravura em metal é, possivelmente, avessa ao efeito-surpresa.
Resultado de uma cuidadosa incisão, de um gesto necessariamente controlado, pressupõe um tempo específico, que a diferencia no contexto da cultura atual, cada vez mais afeita a uma proliferação imagética indiscriminada, avassaladora. O tempo da gravura em metal parece insurgir-se contra tal fenômeno, e contra a sua aceitação como regra, no que, diga-se de passagem, a posiciona num lugar de resistência cultural, lugar esse não dessemelhante ao da poesia no âmbito da palavra impressa, também atualmente submetido ao mesmo crescendo banalizador. A imagem produzida por este tempo nessa técnica, hoje, vem imantada por uma sensibilidade visual outra, que aponta tanto à desaleração da fruição quanto reitera a unicidade do objeto assim produzido.
Jacqueline Aronis considera tais noções quando nos propõe, na presente mostra, o diálogo entre duas famílias de imagens de forte peso individual, e de ressonância por assim dizer arquetípica: o coração e o cosmos. Detenhamo-nos um pouco aqui. A bem dizer, uma e outra representam extremos: a máxima interioridade e a exterioridade máxima, o centro do humano demasiado humano e o sideral berço de sua dissolução, o recôndito e o inalcançável supinos. Focos de absolutos, de alguma maneira são irrepresentáveis em suas respectivas totalidades, não devido a alguma interdição, como no caso do nome do Criador para algumas religiões, mas apenas pela instância da sua magnitude simbólica - real - e da sua infinita capacidade de fazer ecoar na mente a condição da sua própria fragilidade, assim como o regalo da aventura vital.
Pois bem, Aronis joga com tal dificuldade, estabelecendo nexos entre essas imagens paradigmáticas. Sem trilhar um nível narrativo anedótico, antes disso, trabalha naquele espaço próprio da modernidade, cifrado há tantos anos por Baudelaire, de levantamento das "correspondências" entre signos dissímeis, e que inseminou a tradição de tão bons frutos discursivos e semânticos. Isso permite-lhe gerar um vocabulário visual da ordem do surpreendente. Sua operação - sua aproximação - parece revestir-se de um motto circular, bimembre e baseado numa dupla equivalência:
Constelar o coração, cordializar o cosmos.
Sem o recurso incidentalmente redutor da deriva mística, o que presenciamos são, por assim dizer, os portulanos de uma "viagem astral", tanto mais interessantes quanto menos a obviam. E isso, por qual razão? Há algo de eloqüente nestas gravuras que não dissecam, e sequer, lato senso, analisam. Tão somente, e programaticamente, vêem. Para lá do sonho e da vigília, são estranhamente reais. Aqui vale recordar que o verbo "constelar" assume um viés diferencial, se tomado pelo prisma da teoria jungiana, que o torna índice do crescimento psíquico.
Portulanos, claves de navegação, imagens resgatadas em sua sabidamente irrepresentável categorização. Aí as temos, (ir)resgatadas e, inda assim, íntegras em sua relação (in)conciliável.
Eloqüentes devido ao mínimo maximizador da linguagem da gravura em metal, certo, mas antes de mais nada surpresivas, como imagens-nexos.
Pulsares, pulsações, palavras.
Emissões, falares.
Coração-galáxia?
E dentro da caixa toráxica, galáxia-coração?
Surpresas.

Horácio Costa, São Paulo, setembro de 2001.

 

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