Gravura Brasileira

E Já Não Está

E Já Não Está

De 3/4/2012 a 28/4/2012

Obras

03 a 28 de abril de 2012
E Já Não Está
exposição individual com fotografias da artista Rosângela Dorazio

        

 

E JÁ NÃO ESTÁ
 
 A série E JÁ NÃO ESTÁ é o resultado de uma pesquisa que venho realizando, utilizando a gravura, como meio de produzir imagens únicas. Utilizo fotografias que eu mesma faço e sobre as quais trabalho, com as ferramentas usadas para xilogravura. Corto tudo o que não é chão ou céu, assim surge uma nova paisagem, repleta de brancos e cinzas, formada pela incisão. Elementos da gravura tradicional são subvertidos. Existe corte, estampa, impressão e inversão da imagem, mas a ordem das operações é outra. Nesta série, que será exposta na Gravura Brasileira a maioria das imagens aparecem refletidas. Ali está a inversão da imagem que na gravura tradicional ocorre na impressão. Enquanto permito ao expectador a apreciação do reflexo, é vetada a visão da imagem original. Esta, Já Não Está. Fotografo já pensando nas imagens que irão desaparecer e nas que permanecerão refletidas. Tudo o que gravo se torna esbranquiçado e gasto, dando ênfase aos espaços que antes eram apenas coadjuvantes. A ação de produzir as imagens pela subtração da matéria fica explicitada. Incluir a ação na ficha técnica; gravura sobre fotografia, também deixa claro que o corte faz parte do conceito do trabalho.
texto da artista, março 2012
 

 

fotografar, desenhar, gravar: dilacerar

a pretensão da fotografia, já se sabe, é a suspensão do tempo ou, o que dá no mesmo, a condenação à morte de uma paisagem, do rosto de uma pessoa, de uma cena, coisas e acontecimentos banais ou singulares, não importa, algo que a câmera, simples ou sofisticada mas sempre uma câmera mortuária, fixa em seu interior, subtraindo o movimento que obstinadamente leva de roldão tudo o que há para os confins dos dias e noites;

e não pode haver beleza no movimento, já que essa, senão em ao menos no princípio, confinaria com a estabilidade, com a rigidez própria a arquitetura, aos retratos realizados em telas e nas primeira fotografias, aquelas que demandavam aos modelos horas intermináveis em poses paralisadas; o problema é que necessitamos de beleza e, na medida em que somos o que olhamos, conservamos algo da crença milenar, relembrada por Brodsky em seu livro sobre Veneza, que aconselhava a mulher grávida a olhar para belos objetos caso desejasse beleza ao seu filho;

como tudo que há no mundo se movimenta, criamos a arte como recurso à necessidade de instância, ao coágulo do tempo e, consequentemente, à calma; arquitetura, pintura, escultura podem ser formas de produção de imagens fixas; a fotografia também, muito embora, diversamente das outras três, pode demandar nada mais do que um simples instantâneo para a captura de algo que lhe é exterior; sendo assim haveria possibilidade da beleza habitar um fenômeno de superfície como esse? para servir de morada à beleza não seria necessário mais tempo de produção sob risco de uma queda no vácuo? por outro lado, quem disse que a beleza seja, afinal, necessária?

as fotos/desenhos/gravuras de Rosângela Dorazio comentam esses impasses; sobrepassando a condição das fotos como espelho de imagens mortas, um plano de inflexão do mundo que atua como depósito de instantes, a artista risca parcialmente cada uma delas, ataca com uma ponta seca, um lápis que prefere sequer trocar grafite com a superfície, os renques de árvores e de prédios que margeiam lagos, parques e veredas; vai dilacerando o papel que serve de suporte aos arranjos orgânicos e geométricos, escarificando-os a maneira de um gravador que abre sulcos numa chapa de metal ou madeira através de estiletes e burís;

a artista destrói as imagens quase sempre deixando um rastro delas nos reflexos silenciosos de lagos e poças; as imagens, agora flutuando em superficies líquidas, carregam consigo o eco de imagens que não mais existem, o que serve como demonstração da impossibilidade de reter o visível, de que toda fotografia fundada na lógica do documento e do registro acena uma ilusão tão concreta quanto a nitidez das imagens estampadas.

não há nada lá agora, diz-nos Rosângela sobre suas fotografias, o que também vale para as fotografias em geral; havia e, no seu caso, a prova está em sombras e reflexos; e porque quer que haja, porque não se resigna a essa impassividade tão bela quanto ôca, a artista risca com violência as imagens, dilacera-as de modo a pretender vivificá-las, mesmo que o seu miolo seja essa matéria branca, inexpressiva, desimportante, agora encrespado, excitado pelos gestos, a beleza se desfaz, descongelada pela energia que volta a fluir.

Agnaldo Farias
Abril 2012


 


Rosângela  Dorazio  
Araguari, MG 1963
Vive e trabalha em São Paulo

www.rosangeladorazio.blogspot.com

Formação
1997 Licenciatura Plena em Artes Plásticas, FAAP Fundação Armando Álvares Penteado, São Paulo
 
Coleções Públicas
MAM Museu de Arte Moderna de São Paulo
ICPNA Instituto Peruano Norteamericano
Pontificia Universidade Católica del Peru
MAC Americana, Museu de Arte Contemporânea de Americana
MAC Dragão do Mar, Fortaleza
MACS, Museu de Arte Contemporâ,nea de Sorocaba
SESC Paulista, São Paulo

Exposições Individuais e Projetos Especiais
2009  Pelas Paredes / óleo sobre mala direta, D-Concept Escritório de Arte, São Paulo
2009  Pintura Sobre Mala Direta, Sala Recife, Recife
2005  2 Mostra do Programa de Exposições de 2005,  Centro Cultural São Paulo, São Paulo
2005 Projeto In Vitro - Corredor Cultural, São Paulo
2004  Ausentes - Galeria Virgílio, São Paulo
1997 Projeto Out Door – Galeria Luisa Strina, São Paulo


Exposições Coletivas
2011 Ateliers 3. Etage - Roedelheim Fabrik, Frankfurt, Alemanha
2011 Blue Connection, Espaço Libero Badaró, São Paulo, SP
2011 Blue Connection, MACS, Museu de Arte Contemporanea de Sorocaba
2010 Blue Connection- Kunsverein  Familie Montez, Frankfurt, Alemanha
2007 Bola de Fogo – TRANSITO SESC Vila Mariana, São Paulo
2006 MARP – Museu de Arte de Ribeirão Preto Pedro Manuel-Gismondi, Ribeirão Preto
2006 34 Salão de ARTE Contemporânea Luiz Saciloto, Santo André
2006 Bola De Fogo Gravura - Rosângela Dorazio, Teresa Berlinck, Leya Mira Brander, Rodrigo Cunha, Ulysses Bôscolo, Laerte Ramos e Andréa Tavares
2006   IAC UFPE- Instituto de Arte Contemporânea da Universidade Federal de Pernambuco , Recife
2006  Bola de Fogo Gravura – Rosângela Dorazio, Teresa Berlinck, Leya Mira Brander, Rodrigo Cunha, Ulysses Bôscolo, Laerte Ramos e Andréa Tavares.
2006  Solar do Barão – Fundação Cultural de Curitiba - Curitiba
2005 Coletiva do Programa de Exposições 2005 Centro Cultural São Paulo, São Paulo
2005 Estrela do Pari Futebol Clube – D. Concept escritório de arte, São Paulo
2005  Bola De Fogo no MAC Americana - Rosângela Dorazio, Bruno Mazili, Teresa Berlinck, Ulysses Bôscolo, Fernando Nogueira, Daniel Trench, Vera Barros- Museu de Arte Contemporânea de Americana, Americana
2005 Convite: Imagem - MAC de Americana - Americana
2005  III Bienal de Gravura de Santo André – Santo André
2004 Grabado Contemporâneo – El Ojo Ajeno, Lima ,Peru
2004  Leilão Pratos Para a Arte ( pró Museu Lasar Segal) - São Paulo
2004  Outro Lugar – Galeria Virgílio - São Paulo
2004 Bola de Fogo na Galeria SESC Paulista – Rosângela Dorazio, Vera Barros, Andréa Tavares, Leya Mira Brander, Teresa Berlinck - São Paulo
2004 Na Garagem ,Espaço Cinco ,São Paulo
2003Salão Nacional De Arte De Goiás – 3 Prêmio Flamboyant, Goiânia
2003MAC de Goiânia, Goiânia
2003 II  Bienal de Gravura de Santo André, Santo André
2003Ponto de Fuga/Área Livre – Memorial da América Latina, São Paulo
2002 VIII Bienal de Santos, Santos
2002Gravura – Adriana Penteado Arte Contemporânea, São Paulo
2002 27 SARP- Salão de Ribeirão Preto, Ribeirão Preto
2002 São ou Não São Gravuras? Museu de Arte de Londrina, Londrina
2001 São ou não São Gravuras? - MAM Vila Lobos, São Paulo
2001 São ou não São Gravuras? Galeria Itaú Brasília, Brasília
2000 São ou Não São Gravuras? – Itaú Cultural Belo Horizonte, Belo horizonte
1999 A Gravura Como Escultura – Galeria Itaú Penápolis,  Penápolis
1998 A Gravura Como Escultura - MAM – Museu de Arte Moderna de São Paulo, São Paulo
1998 A Gravura como Escultura – Itaú Cultural Campinas, Campinas
1997 Circuito Interno IV – FAAP Fundação Armando Álvares Penteado, São Paulo
1997 Nunca Te Prometi Um Mar De Rosas – Galeria Nara Roesler, São Paulo
1997 Semana de Artes Plásticas – FAAP- Fundação Armando Álvares Penteado,São Paulo
1997 Rosângela Dorazio, Ana Matos e Cyro Capelo – Itaú Galeria Penápolis, Penápolis
1996 28 Anual de Artes Plásticas ( prêmio bolsa de estudos) – FAAP – Fundação Armando Álvares Penteado São Paulo





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