Gravura Brasileira

Monoprints - Jacqueline Aronis

Monoprints - Jacqueline Aronis

De 9/11/2004 a 24/12/2004

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Monotipias

Jacqueline Aronis

abertura: 09 de novembro de 2004
exposição: 10 de novembro a 24 de dezembro de 2004



Jacqueline Aronis mostra paisagens imaginárias
Em série de monotipias, artista cria lugares solitários tirados de sonhos

A artista paulistana Jacqueline Aronis inaugura hoje à noite, na Galeria Gravura Brasileira, exposição com uma série de 20 monotipias realizadas por ela nos últimos dois anos. Como diz Eduardo Besen, proprietário da galeria e curador da mostra, são paisagens imaginárias as que surgem nas suaves obras feitas em papel-arroz.
Em 2001, Jacqueline apresentou no mesmo local uma individual de gravuras feitas em metal, nas quais os temas predominantes eram o coração e o cosmos. Na série anterior em questão, a dimensão de seus trabalhos iam da escala do corpo para outra quase infinita, a da Via-Láctea, com inúmeras estrelas. Para Besen, essas gravuras em metal mostravam um universo onírico. Apesar de os elementos serem reconhecíveis, as composições também eram imaginárias. Nesse novo conjunto de monotipias, da mesma maneira as paisagens não são as tiradas da realidade. Apesar de agora terrestres, são criadas pela artista em seu ateliê.
Nas monotipias, o que podemos ver são montanhas, relevos, árvores isoladas, tudo sem nenhum resquício de presença humana. São lugares desertos, solitários. Desse modo, lado a lado na galeria, remetem a cenas de sonhos, etéreas, como descreve o curador que ainda diz reconhecer nesses trabalhos recentes influência das obras de Mira Schendel.
A suavidade e delicadeza das obras é nítida justamente nos traços e pelo material escolhido pela artista, o papel-arroz. Todos os trabalhos têm tamanho único, de aproximadamente 60 cm x 60 cm, e apenas 3 das 20 monotipias foram colocadas entre acrílicos formando, assim, espécie de objetos. Penduradas, podem ser vistas pelo verso e reverso.
A transparência das obras também é explorada quando outras duas monotipias foram colocadas nas janelas da galeria. Por elas, a passagem de luz faz aparecer os finos traços - já que, na monotipia, a tinta não é carregada quando é feita a impressão no papel. Os delicados riscos gráficos se fazem perceber como sombras.
"Antes, são espaços não mensuráveis que assim configurados se desdobram no tempo e na ausência das margens... Muitos eixos imaginários parecem ordenar este universo gráfico intuído pela luz e seu desenho. Entre o claro e o escuro, uma sábia economia de meios... São estes os constituintes de uma matéria gráfica sensível e íntegra. Autônoma e plena de significados", como já escreveu o consagrado gravador Evandro Carlos Jardim sobre o trabalho de Jacqueline Aronis.

texto de camila Molina, o estado de São paulo, 09/11/2004.

”Antes, são os espaços não mensuráveis que assim configurados se desdobram no tempo e na ausência das margens....Muitos eixos imaginários parecem ordenar este universo gráfico intuído pela luz e seu desenho. Entre o claro e o escuro, uma sábia economia de meios....São estes os constituintes de uma matéria gráfica sensível e íntegra. Autônoma e plena de significados.”
Evandro Carlos Jardim, 1999


“Hokusai, o grande mestre gravador japonês nascido no século 18 viveu 89 anos. Costumava dizer que só foi entender o significado da natureza aos 73 anos. Levou mais de dez anos para conseguir retratar pássaros, insetos e peixes sem traços de constrangimento e morreu sem atingir sua meta: fazer com que cada linha de sua gravura ganhasse autonomia. Séculos depois, uma artista brasileira tenta o impossível: gravar a Via Láctea e transportar a luz do sol para o papel. São dois desafios, tão gigantescos como a missão de Hokusai, empenhado em retratar o mundo sem recorrer ao naturalismo. Hokusai impôs sua visão lírica e acabou com a banalidade do ukiyo-e anunciando o Japão moderno por intermédio de seus seguidores (Hiroshigue, por exemplo). A brasileira Jacqueline Aronis não pretende ir tão longe. Quer apenas explorar a luz em suas gravuras....”
Antônio Gonçalves Filho, 1999.

”Pois bem, Aronis trabalha naquele espaço próprio da modernidade, cifrado há tantos anos por Baudelaire, de levantamento das "correspondências" entre signos dissímeis, e que inseminou a tradição de tão bons frutos discursivos e semânticos. Isso lhe permite gerar um vocabulário visual da ordem do surpreendente... Há algo de eloqüente nestas gravuras que não dissecam, e sequer, lato senso, analisam. Tão somente, e programaticamente, vêem.”.
Horácio Costa, 2001.


”... As gravuras de Jacqueline Aronis inscrevem-se neste quadro de negação da reprodutibilidade e seriação da imagem gravada. Mais: constituem-se numa estratégia estético-ideológica, contrária aos processos de popularização da imagem para afirmar o sujeito, o artista criador em sua viagem solitária e em desencantamento com o mundo, onde o trabalho se configura como um esforço de transposição para outros espaços, outras paisagens, buscando significado e transcendência para seu gesto, para a sua existência. E ainda que o embate do trabalho com o real se desfaça de qualquer ilusão ou romantismo quanto as possibilidade de interferência e alteração do mundo, ele, em sua singularidade, propõe uma viagem pelo imaginário como possibilidade de alguma subjetividade, de emergência de um eu afirmativo da vida... Mas em paralelo à investigação formal evidencia-se a grandeza e o idealismo do sentido da arte para Aronis: dentro de uma sensibilidade neo-romântica, seu trabalho participa, além do compromisso com a especificidade da linguagem, de um programa onde o ofício é o meio de construção de um sentido ético para ele. Sua estratégia revela que a verdade que a artista busca não reside na literalidade das coisas que representa, mas no reconhecimento da imaginação e da sua prática como meio para criar, nomear e acreditar em verdades artísticas....”.
Ivo Mesquita, 1996.


 

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